Júlia Maria
Por Andrea Choairy
Bom, para falar da Júlia tenho que voltar no tempo e falar da sua irmã Luana, que nasceu 1996, em São Paulo.
Luana nasceu roxinha e com dificuldade para respirar, ela nasceu com uma má formação do coração, sem o ventrículo direito. Após a avaliação médica, Luana fez um cateterismo que entrou em choque e veio a falecer com quatro dias de vida. Lembro bem o que a médica disse: “se a Luana sobreviver será uma menina vegetativa e viverá no máximo dois anos”. Minha Luana se foi e eu fiquei com a ideia que esta cardiopatia congênita era CONTRA A VIDA.
Passados cinco anos, já com outro filho e saudável, morando em Fortaleza, engravido novamente.
No sexto mês de gravidez fiz o exame eco fetal, o meu mundo caiu ao saber o resultado, a minha filha estaria vindo com a mesma cardiopatia da sua irmã: atresia da válvula tricúspide e atresia pulmonar. Fiquei sem chão, sem rumo. Vieram todas as frustrações que uma mulher pode ter.
Bom, o meu caminho até encontrar a equipe do INCOR CRIANÇA, que cuida da Júlia, durou 15 dias.
Quando eu vi a Dra. Klébia com aquele sorriso nos lábios, explicando todas as etapas que Júlia iria passar, fui tentando me acalmar e pedindo a Deus proteção e vida à minha menina.
Então nasceu minha filha, JÚLIA MARIA, linda, perfeita, parecia que estava toda iluminada na hora de seu nascimento. Vimos que ela estava bem e eu pedi para que ela fosse levada para seu pai e seus avós a verem, pois depois iria para UTI e não poderiam mais vê-la.
Dizem que a Júlia Maria abriu seus olhinhos e olhou um por um, como se estivesse dizendo: “EU VIM PRA FICAR! Quem viu esta cena, diz que foi mágico aquele momento”.
Júlia ficou na UTI e com sete dias de vida enfrentou sua primeira cirurgia.
Com um ano a Júlia fez um cateterismo, novamente eu fiquei sem chão… ela estava perdendo um dos pulmões, pois a artéria pulmonar estava muito estreita e tinha que operá-la com urgência. A cirurgia foi simples, a recuperação foi lenta e difícil, quando tivemos alta já estávamos com a certeza que a próxima cirurgia estava perto.
Com dois anos e três meses a Júlia passa por sua terceira cirurgia, e também com um pós-operatório muito difícil, ela adquiriu uma arritmia, outra cardiopatia. Seguimos com fé e a Júlia venceu mais uma vez.
Passado mais dois anos, começamos a nos preparar para a última etapa, a mais difícil do tratamento. A cirurgia que leva o nome de FONTAN, em si não é tão complicada, difícil é o corpo se acostumar após este procedimento.

Nunca vou esquecer de uma consulta com o Dr. Valdester, cirurgião da Júlia, dizendo para eu me apegar a Nossa Senhora, pois a artéria pulmonar da Júlia não havia se ampliado como deveria, mas mesmo assim tinha que fazer a cirurgia, ainda sem saber como o organismo dela responderia.
Meus Deus! Como queria eu poder trocar de lugar com ela! O pior sentimento que uma mãe pode ter é a impotência! Saber que seu filho vai sofrer, e você não poder fazer nada. Orei, pedi ao Pai e Nossa Senhora que curasse minha menina.
A cirurgia foi feita. Dr. Valdester foi um anjo que Deus enviou para cuidar da minha filha. Júlia teve um pós-operatório difícil, mas dentro do esperado. Que sensação ruim deixar um filho sozinho na UTI!
Passaram as etapas, hoje a Júlia está bem, feliz e cheia de vida. Uma linda adolescente com muitos planos para o futuro.
Eu espero que meus filhos sejam felizes e generosos. A nossa gratidão é a oração!
Veja outras publicações de Assistência às Famílias